Dançando ao som de rap e prometendo "uma surra" na eleição que acontecerá dentro de exatamente um ano, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ressuscitou nesta sexta-feira uma coalizão política de esquerda com a qual pretende obter um novo mandato.
O líder socialista de 57 anos se submeteu a quatro etapas de quimioterapia desde que passou por uma cirurgia para retirar um câncer, em junho, mas isso não o impediu de dançar ao lado de jovens rappers venezuelanos no lançamento do "Grande Polo Patriótico."
"Viva a Venezuela! Viva o hip-hop!", riu Chávez, que na semana passada jogou uma bola de beisebol para jornalistas a fim de negar uma notícia, publicada nos Estados Unidos, de que ele teria sido internado às pressas com problemas renais.
Chávez, no poder há 12 anos, havia abandonado o Polo Patriótico, mas agora o recriou, reunindo o seu Partido Socialista Unificado a movimentos comunitários e outras agremiações menores, como o Partido Comunista.
"Este é um marco no transcurso da revolução socialista", disse ele numa cerimônia no palácio presidencial de Miraflores.
Desde que se tornou presidente, Chávez já convocou cerca de uma dúzia de eleições no país, das quais só perdeu uma. Ele consegue isso graças à desunião da oposição e da popularidade dos seus programas de educação e saúde nas favelas. O presidente prevê que obterá um novo mandato no ano que vem com mais de 60 por cento dos votos.
"Vamos dar uma surra na burguesia!", disse ele, com sua retórica habitual, pedindo a seus partidários que lhe deem a inédita votação de 10 milhões de votos.
Desta vez, porém, Chávez enfrentará uma oposição mais unida, que irá escolher um candidato de consenso em uma eleição primária em fevereiro.
As pesquisas mostram que Chávez tem aprovação popular em torno de 60 por cento, refletindo a solidariedade despertada pela doença. Mas também há grande insatisfação com a elevada criminalidade, com a precariedade da infraestrutura, o que inclui repetidos apagões, e com a inflação.
Vários candidatos de oposição também realizaram eventos nesta sexta-feira em todo o país. Alguns inauguraram contagens regressivas para o fim do mandato de Chávez.
Analistas dizem que há muitos venezuelanos que não apoiam nem Chávez nem a oposição, e que serão decisivos no pleito do ano que vem. "2012 terá uma acirrada batalha pelos eleitores flutuantes e indecisos, em torno de 2 milhões num eleitorado de 18 milhões", disse o boletim LatinNews, publicado em Londres.